e depois dos meus amigos bombeiros me terem deixado no sítio certo, nada me tinha preparado para o encontro com a Sra Enfermeira da triagem, uma espécie de carrasco (a senhora que me desculpe, mas foi a impressão com que fiquei) com o ar mais antipático que eu me lembro de ver nos últimos tempos ( e eu sou daquelas que defende que não se está ali para ser simpática mas sim para ser boa profissional, contudo um nadinha de simpatia fazia a diferença!).
depois das perguntas da praxe, o toque.
- quer ter a criança hoje? ou quer ir para casa e voltar de madrugada?
- (a medo, respondi) quero ter hoje.
- vai doer, não diga que eu não avisei.
e sem me aperceber estava de bolsa de águas rebentada, a escorrer por todo o lado.
senti-me tão mal, sobretudo pelo desconforto de estar por trás de um biombo, água a escorrer, contracções, de pé, descalça, e com uma porcaria de folha de papel vegetal, nada absorvente, para me limpar.
foi inevitável e desatei a chorar, e eu para chorar é preciso muito, mesmo muito.
depois ouve trocas de palavras azedas com a Sra Enfermeira e da minha parte uma vontade enorme de nunca mais ter que olhar para a cara dela, mas sobretudo não queria aumentar-lhe a má vontade e engoli.
daqui para a frente, o normal, ou o anormal, porque se pararmos para pensar, ainda que parir seja muito normal, as figuras que fazemos são memoráveis.
microlax (oh Deus!) e passeios no corredor para que faça efeito, já com a bata vestida, descabelada e cheia de contracções.
que me perdoe quem também lá estava, mas a mim aquele corredor parece o manicómio onde mulheres-zombie deambulam para lá e para cá à espera de poderem finalmente dar uso aos 2 tubinhos de microlax, que miséria!
depois do microlax, enfiei-me à socapa no duche e lavei-me, não sei se se pode ou não, mas para mim bidés fazem muito sentido, e à falta deles e havendo um duche não resisti.
felizmente a Carrasca não deu por nada!
e após esta belíssima recepção, fui para a minha box, o que também é um nome muito apropriado visto já estar num nível tão primário da minha existência.
(continua)